O QUE É INFORMÁTICA EDUCACIONAL?





Qual a diferença entre "Informática aplicada à educação", para "Informática Educacional", "Informática Educativa" e “Tecnologias Educacionais"?

Pergunta pertinente para se caracterizar o trabalho do professor em um laboratório de informática. Diferenciar "Informática aplicada a Educação" e "Tecnologias Educacionais" me parece mais simples:
Informática aplicada a Educação: a informática é utilizada para o gerenciamento da escola: relatórios de notas, de acompanhamento de alunos, de secretaria, do acervo de uma biblioteca escolar, etc.
Tecnologia Educacional: não se restringe ao uso do computador. Usa também a TV, cinema, DVDs, rádio, fotografia, livros, robótica. Aqui vale indicar o que pensa Carlos Seabra, para que nos sirva de alerta:

"Como contraponto ao conceito de tecnologia podemos mencionar o Kuwait: um paà­s que pode comprar os computadores mais potentes, os carros mais velozes, os videocassetes mais modernos… mas que não sabe construir ou sequer consertar qualquer um deles. O inverso disso é Robinson Crusoé, o do clássico de Daniel Defoe: de mãos nuas, escapado de um naufrágio, reproduz em sua ilha deserta toda a tecnologia da época, usando apenas seu conhecimento e a vontade de transformar a realidade. Na educação (e também em outros setores) essa distinção é fundamental, pois não há máquina que substitua o professor - e quando isso ocorre é porque o professor o merece. Tecnologia educacional é, por exemplo, usar uma lata de água, um pedaço de madeira e uma pedra para explicar a flutuação dos corpos; em contrapartida, apertar a tecla de um và­deo sobre o assunto e deixar os alunos o assistirem passivamente, nada tem de tecnologia."


Já a diferenciar Informática Educativa e Educacional depende da concepção que se tem da utilização do computador na escola. Entendo, baseada na minha vivência como professora em um laboratório de informática e no que tenho observado, que:
Informática Educativa: a informática é mais uma disciplina integrada ao currí­culo. Ensina-se, por exemplo, linguagens de programação e a utilizar os softwares do Office. Na maior parte dos casos não há preocupação de integração dessas aulas com outras áreas de conhecimento. Ou nos casos em que se busca a interdisciplinaridade, raramente há o envolvimento de um professor especialista daquela(s) disciplina(s) no planejamento da atividade. Dentro dessa concepção, o computador também é utilizado para que o aluno tire suas dúvidas sobre determinado conteúdo: o laboratório tem um acervo de softwares de educativos, de tutoriais, de livros multimí­dia, exercí­cios de reforço, ou seja, o computador é utilizado como máquina de ensinar. Os responsáveis pelos laboratórios são geralmente os especialistas em informática.
Informática Educacional: a informática é utilizada como um recurso, uma ferramenta para a construção de conhecimento. A principal forma de trabalhar é através de projetos, webquests, webgincanas, projetos colaborativos entre escolas geograficamente separadas, enfim, atividades planejadas sobre determinados temas, ou conteúdos didáticos de uma disciplina. Os alunos elaboram seus trabalhos utilizando softwares como os do Office, recursos de WEB 2.0 como blogs e wikis, ou até mesmo linguagens de programação. Para coleta de dados ou busca de informações utilizam os recursos disponí­veis que podem ser bancos de dados, a web, participação em listas de discussão, fóruns.

Enfim, na Informática Educacional as atividades propostas e os recursos oferecidos ao aluno são pensados de forma a promover uma aula que não poderia ocorrer da mesma forma, ou até melhor, sem utilizar o computador.
Sou uma defensora da presença de um professor responsável pelo laboratório de informática e que tenha perfil de especialista em informática educacional e com formação em educação. Para que trabalhe em parceria com os professores dos diversos ní­veis da escola infantil e fundamental 1 e com os professores especialistas das diversas áreas do conhecimento. Assim, os alunos estarão aprendendo a utilizar a informática (uma necessidade para o mundo do trabalho) e ao mesmo tempo sendo orientados sobre onde e como buscar a informação e o que fazer com essa informação.
Para que a informática seja utilizada como um bom recurso no processo de ensino-aprendizagem, para que aconteça uma real transformação nas formas de ensinar e aprender, é preciso que as escolas estejam atentas a esses "pequenos detalhes".


Miriam Salles blog


INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO





O computador tem provocado uma revolução na educação por causa de sua capacidade de "ensinar". As possibilidades de implantação de novas técnicas de ensino são praticamente ilimitadas e contamos, hoje, com o custo financeiro relativamente baixo para implantar e manter laboratórios de computadores, cada vez mais demandados tanto por pais quanto por alunos.
Tudo isso causa insegurança nos professores, que num primeiro momento temem sua substituição por máquinas e programas capazes de cumprir o papel antes reservado para o ser humano. Mas o computador pode realmente provocar uma mudança no paradigma pedagógico e pôr em risco a sobrevivência profissional daqueles que concebem a educação como uma simples operação de transferência de conhecimentos do mestre para o aluno.
No paradigma instrucionista, o uso do computador na educação consistiria simplesmente na informatização dos meios tradicionais de instrução. "No entanto, o computador pode enriquecer ambientes de aprendizagem onde o aluno, interagindo com os objetos desse ambiente, tem chance de construir o seu conhecimento". Aí está a grande "sacada" do uso do computador. Uma reviravolta que muda o foco de ensino do instrucionismo para o construcionismo, muitas vezes sem que haja uma declaração teórico-pedagógica explícita.
As Visões Céticas e Otimistas da Informática em Educação
Visão Cética
Se as escolas não tem carteiras, giz nem merenda e o professor ganha uma miséria, como falar em computador?
Ora, se as escolas chegaram a este ponto, não foi por causa de gastos com equipamentos, sejam eles de informática ou não. O fato é que se elas não se modernizarem, acentuarão o hiato existente entre a "idade" dos métodos de ensino e a "idade" de seus alunos. Ou seja, elas continuarão no século 18, enquanto os alunos vivem no século 21.
Os céticos também argumentam que haveria uma desumanização com o uso da máquina, com a eliminação do contato entre o aluno e o professor.
Mais uma vez, encontramos um argumento frágil contra o uso da informática. O aluno de fato somente irá prescindir do contato com o professor se este se restringir (como classicamente o faz) a transmitir informações e conhecimentos. Os céticos, por sinal, estão presos a este modelo instrucionista e temem, portanto, a perda do papel tradicional do professor.
Não se pretende, tampouco, que um aluno permaneça 10 ou 12 horas diante de um computador. Portanto, a desumanização informática tem a mesma probabilidade de ocorrer como em qualquer uso exagerado de aparatos tecnológicos, como televisão, música etc.
Visão Otimista
Como o otimismo é gerado por razões pouco fundamentadas, é provável que ele venha acompanhado de grandes frustrações:
modismo: outros países e escolas já dispõem dos equipamentos. Isso causa erros no sistema educacional. É preciso critério, senso crítico. As soluções não devem ser meramente copiadas;
o computador fará parte de nossa vida e a escola deve lidar com essa tecnologia. Muitas escolas introduzem o computador como disciplina curricular, dissociada de sua utilização em outras perspectivas e disciplinas. Usamos o telefone sem necessariamente sabermos princípios de telefonia.
o computador é um meio didático. De fato, ele apresenta facilidade para simular fenômenos e animação. No entanto, esse enfoque leva a uma sub-utilização como ferramenta de aprendizagem.
Por Que Se Ensina Matemática na Escola ?
Transmitir fatos matemáticos
Pré-requisito para o sucesso
Beleza intrínseca à estrutura matemática
Valores práticos
Treino da mente
Ao observarmos o que acontece com o ensino da matemática, notamos que o argumento nobre (desenvolvimento de raciocínio) não é o subproduto mais comumente encontrado. Portanto, não basta mais uma vez transmitir informações. É necessário ter propostas críticos para a introdução de novas tecnologias e disciplinas no ensino.
Construcionismo?
O termo "construcionismo" decorre da necessidade de se caracterizar a interação aluno-objeto, mediada por uma linguagem de programação, como o Logo.
O profissional que conhece o Logo atua como mediador dessa interação. A criança interage com o objeto que usa métodos para facilitar a aprendizagem e, principalmente a descoberta do aluno.
Conclusões
O que foi proposto pelo autor é a mudança do paradigma pedagógico do instrucionismo para o construcionismo. Existe resistência do sistema educacional, mas se a mudança não ocorrer, os resultados indesejáveis poderão ser o êxodo do aluno ou a produção de educandos obsoletos.